Da Redação
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) realizou um procedimento inovador no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar um câncer hepatobiliar, por meio da ablação por radiofrequência percutânea. Os resultados preliminares indicam a melhora da paciente, de 68 anos, sinalizando para a eficácia do tratamento, menos invasivo, para esse tipo de câncer.
A alternativa para a melhora da paciente foi o uso da radiofrequência endobiliar, uma nova tecnologia que permite a destruição de células cancerígenas, por meio da elevação da temperatura local. “Trata-se de dispositivo montado na extremidade de um cateter, que é introduzido através do fígado por um corte de 3 milímetros e guiado por um aparelho de raios-x chamado angiógrafo”, relata o coordenador da Área Assistencial de Radiologia Intervencionista do HC, Laécio Leitão, um dos médicos responsáveis pelo procedimento.
Segundo ele, uma radiografia de controle realizada 15 dias após a ablação revelou uma desobstrução parcial do canal biliar, demonstrado que o tratamento poderá se tornar uma alternativa promissora para um câncer irressecável – quando o tumor não pode ser removido cirurgicamente.
Colangiocarcinoma avançado
A paciente era acompanhada pela Área Assistencial de Cirurgia Geral do HC-UFPE e foi encaminhada pela Secretaria de Saúde de Pernambuco com um quadro marcado por icterícia, febre, emagrecimento de mais de 15 quilos e muita fraqueza.
Depois de realizar vários exames, incluindo tomografia e ressonância magnética, ela foi diagnosticada com um tumor avançado no canal biliar, chamado colangiocarcinoma. “Diante de um estado geral desfavorável e estando a paciente bastante fraca e consumida pela doença, a cirurgia curativa seria impossível”, explica o médico que acompanha a paciente, o cirurgião Miguel Arcanjo.
Após o procedimento, ela melhorou da icterícia, está se alimentando melhor e ganhando peso. “São sinais clínicos que corroboram a resposta clínica ao tratamento. Ela entraria em cuidados paliativos, então, já é uma resposta parcial ao tratamento. Segue acompanhada pelo ambulatório de cirurgia oncológica e recebendo orientações sobre nutrição, apoio psicológico e avaliação dos exames sanguíneos”, pontua Laécio Leitão.
Leitão explica ainda que, num primeiro momento, houve a drenagem do canal biliar obstruído pelo tumor, o que permitiu a melhora da icterícia e da infecção na paciente. Cinco dias depois, foi realizada a ablação (“queimagem”) do tumor por radiofrequência.
“Trabalhamos em cooperação contínua com as áreas de Oncologia, Radiologia Intervencionista e Patologia buscando oferecer o mais adequado tratamento para o paciente com neoplasia. Nesse sentido, o HC está sempre na vanguarda das pesquisas e avanços na saúde, cumprindo seu papel como hospital universitário”, completa o coordenador da Área Assistencial de Cirurgia Geral do HC, Álvaro Ferraz.
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