Pesquisa da Fiocruz Pernambuco mostra que gestantes não conhecem seus direitos

Falta de informações contribui para casos de violência obstétrica. contra as gestantes. FOTO: Pavel Danilyuk/PEXELS

Por Marcelo Aprigio

Um estudo do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Fiocruz Pernambuco apontou que a falta de informações sobre boas práticas obstétricas no pré-natal ainda é um desafio significativo no Brasil.  Ele constata que muitas gestantes desconhecem seus direitos, opções de assistência ao parto e medidas para garantir uma experiência mais segura e respeitosa.

A lacuna informativa contribui para a perpetuação de práticas de violência obstétrica e interfere diretamente na autonomia das mulheres durante o nascimento de seus filhos.

A pesquisa, intitulada “Direito à informação sobre boas práticas obstétricas: o papel do pré-natal na preparação para o parto”, foi realizada por Maisa Oliveira sob orientação da pesquisadora Camila Pimentel. Ela revela que muitas gestantes enfrentam dificuldades para acessar informações sobre o parto humanizado e a escolha da maternidade, o que pode impactar negativamente a experiência do parto.

Para a doula Rizia Lindolfo, essa ausência de orientação adequada gera insegurança nas mulheres. “É muito comum encontrar gestantes que chegam ao parto sem saber o que esperar. A falta de informação aumenta a ansiedade e pode fazer com que a mulher aceite procedimentos desnecessários sem compreender suas consequências”, explica.

A Rede Cegonha, política nacional criada para garantir o parto humanizado, ainda não atende às necessidades das gestantes brasileiras. Em Olinda, cidade da Região Metropolitana do Recife, embora a política tenha sido implementada, existem desafios estruturais. Segundo Rízia Lindolfo, o fechamento da maternidade pública local em 2014 deixou as gestantes dependentes de uma única unidade conveniada ao SUS, o que frequentemente resulta em superlotação e atendimento precário.

Nesse cenário, presente em vários municípios do país. o acompanhamento de uma doula pode ser um fator determinante para garantir mais segurança e bem-estar à mulher. “Nosso papel é trazer acolhimento e fornecer informações para que a gestante tenha consciência sobre suas escolhas. Não tomamos decisões por elas, mas ajudamos a construir um plano de parto e a garantir que suas vontades sejam respeitadas”, destaca Rizia.

Plano de Parto

A pesquisa da Fiocruz sugere a implementação do plano de parto como ferramenta essencial para fortalecer a autonomia das gestantes. Esse documento permite que a mulher registre suas preferências para o parto, como o tipo de assistência desejada, procedimentos a serem evitados e a presença de um acompanhante. “Quando a gestante tem um plano de parto bem definido, ela chega mais preparada e tem mais segurança para reivindicar seus direitos. Isso faz toda a diferença na experiência do nascimento”, reforça a doula.

Além de recomendar a criação de indicadores para monitorar a aplicação de boas práticas obstétricas, o estudo reforça a importância da participação ativa da mulher no processo de decisão. Enquanto mudanças estruturais não são implementadas no sistema de saúde, doulas seguem desempenhando um papel fundamental na busca por um parto mais respeitoso e informado. “Empoderar mulheres por meio da informação é um caminho essencial para transformar a realidade obstétrica no Brasil”, conclui Rizia.

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