Da Redação
De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria PwC, os donos das instituições de saúde acreditam na mudança do setor através da tecnologia e da regulamentação governamental. O levantamento ouviu mais de 4,7 mil executivos em mais de 100 países, incluindo o Brasil. O dado foi apontado pela 27ª edição da CEO Survey, pesquisa anual da PwC.
“O setor de saúde engloba os segmentos hospitalar, das seguradoras e das farmacêuticas, todos eles são diretamente impactados por regulamentações governamentais no Brasil, por isso as respostas dos CEOs brasileiros trazem este impacto, inclusive maior que o impacto destas regulamentações quando avaliamos a média global”, pondera o sócio da PwC Brasil, Bruno Porto.
Neste ano, a Global CEO Survey traz um otimismo maior entre os líderes do setor de saúde no Brasil. O estudo indica que 61% acreditam no crescimento na geração de receitas das próprias empresas nos próximos 12 meses. Quando perguntados sobre os próximos três anos, este percentual aumenta para 77%. Para 42% dos executivos brasileiros, a expectativa é da economia global acelerar nos próximos 12 meses.
Quando os brasileiros olham para o mercado interno, 48% concordam em uma aceleração econômica nos meses seguintes. Enquanto isso, a média no País para os demais setores é de 36%. “A realidade da saúde pelo mundo é completamente diferente do Brasil. Existe um mix que é afetado pelas especificidades de cada País, mas aqui há um aumento de receita do setor, inclusive, para os próximos três anos mais otimista que o global”, destaca Bruno Porto.
Desafio da reinvenção
O cenário é de otimismo. No entanto, os líderes do setor se preparam para modificações no modelo de negócios. Isso ocorre principalmente por causa dos avanços tecnológicos, regulação e ações da concorrência.
A disrupção tecnológica, as mudanças climáticas e outras tendências, fazem os empresários a se adaptarem em todos os setores. No âmbito da saúde não é diferente.
No setor de saúde, essa tendência também está presente nos resultados da pesquisa. Os dados mostram que 42% dos executivos do setor acreditam que seus negócios não serão viáveis por mais de 10 anos.
Os empresários também se empenham para adaptar suas empresas às novas condições do mercado. No setor de saúde no Brasil, a pesquisa revela que o desenvolvimento de novos produtos ou serviços (65%), a formação de parcerias estratégicas (55%), a adoção de novas tecnologias (52%) e o desenvolvimento interno de uma nova tecnologia (42%), entre outras iniciativas, foram as ações que tiveram mais impacto na reinvenção dos negócios.
Oportunidades e desafios da IA na saúde
A disrupção tecnológica e a utilização da inteligência artificial, especialmente da IA generativa no setor de saúde é um dos pontos de atenção da 27ª Global CEO Survey. Isso porque a adoção dessa tecnologia no setor de saúde no Brasil e a adaptação da estratégia tecnológica para lidar com a inovação que ela representa está acima do registrado para o recorte global do setor.
Considerando os próximos 12 meses, as expectativas em relação à IA generativa são bastante positivas e semelhantes nos três recortes. Nos próximos três anos, espera-se que o impacto dessa tecnologia seja ainda maior.
Nos últimos 12 meses, 32% dos CEOs de saúde no Brasil mudaram a estratégia de tecnologia de suas empresas por causa da IA generativa. Um percentual acima da média global do setor, de 25%. Além disso, 29% dos executivos afirmam que a IA generativa já está adotada em toda a empresa. Por outro lado, a média global para o setor é de 26%.
Para os próximos 12 meses, 65% dos respondentes da indústria de saúde no Brasil declaram que a IA generativa melhorará a qualidade dos produtos e serviços de suas empresas. Desse quantitativo, 52% acreditam que esta tecnologia aumentará a capacidade das empresas em gerar confiança com os stakeholders.
Os líderes do setor de saúde apontam que nos próximos 3 anos, os desafios serão ainda maiores. Para 81% deles, a IA generativa exigirá que a maior parte da sua força de trabalho desenvolva novas habilidades. Além disso, 77% acredita que esta nova tecnologia também aumentará a intensidade competitiva no segmento.
Principais ameaças
Além dos fatores e megatendências de transformação do setor, a pesquisa da PwC também busca entender o que os CEOs indicam como principais obstáculos para o setor a curto e médio prazo. Na indústria de saúde, tanto no Brasil como no mundo, o ambiente regulatório é apontado como o principal inibidor da reinvenção (no mínimo, de forma moderada) – um resultado acima da média brasileira. Em seguida, vêm as prioridades operacionais concorrentes, principal inibidor na média das indústrias brasileiras.
“Muitas restrições percebidas à reinvenção recaem diretamente na esfera de influência do CEO. Processos burocráticos, prioridades operacionais concorrentes, recursos financeiros limitados”, avalia. A eficiência é um ponto de grande preocupação para os empresários brasileiros do setor. “Competências da força de trabalho e recursos tecnológicos estão sujeitos a alguma intervenção dos CEOs, como também a eficiência, que é uma área de preocupação para muitos líderes”, comenta Bruno Porto.
Crescimento em outros países
Em relação aos mercados considerados mais relevantes para o crescimento, a indústria de saúde no Brasil segue a média de todas as indústrias no país: Estados Unidos e China aparecem no topo da lista. Para os líderes da indústria de saúde no mundo, o Brasil, que em 2023 dividia o quinto lugar com França e Japão, já não aparece entre os cinco principais mercados. Estados Unidos e Alemanha seguem nas duas primeiras posições.
Para os líderes brasileiros do setor, os Estados Unidos também aparecem no topo. A China divide a segunda posição com Canadá, que sequer constava entre os cinco primeiros em 2023, e México, que ocupava a quarta posição. Argentina e Colômbia, que também não apareciam entre os cinco primeiros, vêm na sequência, seguidos da Alemanha, que caiu da terceira para a quinta posição.
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