Da Redação
Já ouviu falar nos “bebês de Ozempic“? Algumas mulheres que tinham dificuldade de engravidar relatam que conseguiram após o uso das canetas emagrecedoras, como Ozempic e Monjauro. Mas estes medicamentos, inicialmente aplicados para controle da diabetes e, posteriormente, da obesidade, não são usados para tratamento da infertilidade.
“Na verdade, é o oposto: mulheres que estão tentando engravidar (as tentantes) e gestantes, não devem fazer o uso de tais medicações, pois elas podem causar efeitos adversos durante a gestação e formação do bebê”, alerta a ginecologista e obstetra, Natália Fischer, especialista em reprodução humana.
Segundo a médica, a obesidade pode causar infertilidade e a partir do momento que a mulher emagrece, o corpo desinflama, melhorando as chances de engravidar. “A perda de peso é muito importante, pois na paciente com obesidade, que gera um estresse oxidativo no corpo, temos uma diminuição de quantidade e qualidade de óvulos, processos metabólicos, além de aumento de aborto espontâneo, entre outros riscos. Por isso é importante o controle do peso para engravidar”, detalha a médica.
Emagrecer e engravidar
Porém, o processo de emagrecimento com o uso dessas medicações – se houver prescrição médica, deve ser realizado antes do início das tentativas de engravidar. “A orientação é suspender as canetas emagrecedoras oito semanas antes de engravidar. Já para a mulher que engravidou enquanto usava as canetas emagrecedoras, é recomendada a suspensão imediata do medicamento”, orienta a médica. Isso porque, em testes com ratos, foram observadas más-formações, alterações no parto prematuro e restrição de crescimento em animais que foram expostos à semaglutida – princípio ativo do Ozempic.
Não é permitido fazer o estudo científico padrão em pacientes com uso da medicação para engravidar. Contudo, um estudo apresentado no ESHRE 2025 – o mais importante congresso internacional de reprodução assistida, avaliou as repercussões obstétricas em mulheres que estavam usando a medicação e engravidaram. “Houve um aumento de partos prematuros nas que usavam a semaglutida para tratamento de diabetes, enquanto aquelas que queriam só perder de peso e em tratamento da obesidade, a taxa não foi muito relevante”, declara Natália Fischer, que participou do evento, realizado no meio do ano, em Paris.
“De toda forma, caso esteja no uso da medicação e receba a surpresa de um positivo para gravidez, o ideal é que a paciente pare imediatamente a medicação e consulte seu médico, pois ele vai fazer as orientações necessárias”, orienta a especialista.
Fator tempo
Embora o emagrecimento seja importante para quem deseja engravidar, de forma natural ou por fertilização in vitro (FIV), ela observa que avaliar o fator tempo é essencial. Isso porque o declínio natural da fertilidade da mulher se inicia aos 35 anos e se acentua aos 40, quando a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem.
Em pacientes mais jovens, o processo de emagrecimento pode ser priorizado antes da gestação, mas a recomendação é buscar orientação de um médico especialista em reprodução humana, para avaliar cada caso e traçar um planejamento de fertilidade individualizado.
“As mulheres que têm ‘médio tempo’, na faixa dos 37 aos 40 anos, terão menos tempo para emagrecer. Porém, podemos fazer um protocolo junto com o endócrino para organizar o tratamento de emagrecimento, inclusive com o uso das canetas emagrecedoras, se houver indicação, antes de iniciar o de fertilidade”, afirma a médica Natália Fischer.
Além do controle de peso corporal, a especialista lembra que manter bons hábitos como não fumar, não consumir álcool em excesso, praticar atividade física e ter uma alimentação saudável, evitando ultraprocessados, comidas industrializadas e fast foods, é fundamental para melhorar as chances de gravidez.
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