A Qdenga, nova vacina contra a dengue, chega ao mercado. Infectologista orienta sobre cuidados

O infectologista Eduardo Faria recomenda consultar um médico antes de decidir pela vacinação. FOTO: Divulgação

Por Etiene Ramos

A nova vacina para prevenção da dengue, a Qdenga (TAK-003) já está disponível no mercado, exclusivamente na rede privada. Produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, ela é a segunda vacina contra a doença a receber registro no Brasil – a primeira foi a Dengyaxia, do laboratório Sanofi Pasteur.

“A vacina é composta por versões atenuadas de vírus vivos dos quatro diferentes sorotipos do vírus causador da dengue. Nos estudos clínicos, mostrou eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo um ano após a segunda dose. Além disso, a eficácia contra as formas da doença que requerem hospitalização foi de 90%”, explica o infectologista Eduardo Faria, diretor-executivo da Clínica Médica do Hospital Português, do Recife.

A Qdenga chega com um diferencial importante: pode ser aplicada em pessoas que nunca tiveram dengue, ao contrário da Dengyaxia, que exigia sorologia prévia IGG para dengue.

A faixa etária dos pacientes também é outra. Enquanto a Dengyaxia era só para pessoas dos 9 aos 45 anos, a Qdenga atende um público mais amplo, com idade entre 4 e 60 anos. “Além de atingir um público maior, a nova vacina descarta a necessidade de teste para saber se a pessoa já teve dengue ou não. Isso é vantajoso porque o acesso ao exame é difícil, geralmente disponível apenas em rede particular”, observa o infectologista. Outro fator, segundo ele, é que o resultado pode não ser 100% confiável, principalmente se a infecção ocorreu há muitos anos.

Ainda sem previsão de ser disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde, a Qdenga está longe de se tornar popular. Custa entre R$ 300,00 e R$ 400 reais e deve ser aplicada em duas doses SC, com intervalo de três meses, o que dificulta ainda mais o acesso da maior parte dos brasileiros. “O governo deveria colocar no calendário de vacinação, de acordo com locais de alta incidência da dengue, como o Nordeste”, opina Eduardo Faria.

Cuidados importantes antes da vacinação

O preço das vacinas para o consumidor não leva em conta apenas o custo de aquisição nos laboratórios. As clínicas usam parâmetros na composição da sua precificação final, incluindo o atendimento, a triagem, a análise da caderneta de vacinação e as orientações pré e pós-vacina. O suporte que os pacientes necessitam para se informar corretamente sobre a questão da vacinação também entra no cálculo final.

Mas para quem resolve tomar uma vacina, o infectologista Eduardo Faria aconselha consultar um médico, seja clínico geral ou infectologista. “Um dos impedimentos para tomar o imunizante é ser portador do vírus HIV, mesmo que sem sintomas, mas com função do sistema imunológico enfraquecido, em exames de sangue. O seu médico conhece o seu histórico e pode avaliar possíveis riscos”, observa Faria. E faz um alerta: “no Brasil mais de 1 milhão de pessoas vivem com HIV e cerca de mais outro milhão desconhecem a condição sobre o HIV”.

Principais riscos

O risco de infecção pela dengue varia e pode ser maior para alguns pacientes. Morar em áreas urbanas com alta circulação dos vírus ou ter um estilo de vida com exposição a focos da doença aumentam as possibilidades de contraí-la.

Em relação aos efeitos colaterais relacionados ao novo imunizante, segundo o médico, eles são comuns a outras vacinas: dor e vermelhidão no local da aplicação, dor de cabeça e muscular, febre, mal-estar geral e fraqueza. Mas ele alerta que a vacina da dengue não deve ser tomada nas seguintes situações:

* Gravidez suspeita ou confirmada

* Amamentação

* Alergia aos componentes vacinais

* Febre moderada a alta

* Doenças agudas, uso de imunobiológicos (há relação entre o uso do biológicos e a fragilidade da resposta imunológica provocada pela vacina)

* Uso de corticoides sistêmicos em doses elevadas

* Tratamento com quimioterapia ou radioterapia

* Leucemia ou linfoma

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