Da Redação
O Abril Marrom é dedicado à prevenção da cegueira, doença que pode mudar por completo a vida de uma pessoa, por afetar a visão, o principal sentido com que nos conectamos ao mundo. O movimento Abril Marrom foi reconhecido pela Câmara Municipal de São Paulo, em 2016, por sua importância para conscientizar a sociedade sobre a deficiência visual e as formas de evitá-la. É possível, em muitos casos, tratar a tempo as doenças que podem causar a cegueira e evitar a perda da visão.
Nordeste lidera número de PCDs no Brasil
Na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Nordeste aparece com 10,3% do total de Pessoas com Deficiência (PCDs) no país, o que significa cerca de 5,8 milhões de indivíduos da região que vivem com algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora e mental, aferidos em vários estudos do Instituto. Os resultados superam o Sul (8,8%), Centro-Oeste (8,6%), Norte (8,4%), Sudeste (8,2%) e a média nacional (8,9%).
As conclusões sobre distribuição geográfica de PCDs na última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE em 2019, apontam um cenário semelhante, com os estados nordestinos à frente das estatísticas (10%).
Embora não existam indicadores recentes específicos sobre a cegueira, os riscos para a visão são ainda mais preocupantes no Nordeste do que nas outras regiões do Brasil. “O conjunto dessas análises dá pistas significativas sobre a incidência da cegueira na região”, afirma o oftalmologista Claudio Lottenberg, uma das maiores autoridades do país em saúde ocular. O especialista é presidente do Conselho do Hospital Israelense Albert Einstein e do Conselho do Instituto Coalizão Saúde.
Deficiência visual é mais recorrente no Nordeste
O Nordeste também está em primeiro lugar, na última análise do instituto a trazer uma segmentação regional detalhada das pessoas com deficiência,
Divulgado em 2012, o Censo 2010 revela que 21,2% dos nordestinos declaram ter deficiência visual, 5,8%, deficiência auditiva; 7,8%, deficiência motora e 1,6%, deficiência mental ou intelectual.
Ainda de acordo com o Censo 2010, na análise por estado, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba são os locais onde o número de entrevistados que se declara PCD aparece no topo, em todo o Brasil.
OMS e IBGE revelam dados do Brasil e do mundo
Saindo do Nordeste para um contexto global, mais de 253 milhões de pessoas vivem com deficiência visual em todo o planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, cerca de 6,9 milhões de brasileiros declaram ter alguma dificuldade para enxergar e realizar atividades diárias por conta da perda moderada ou grave da visão, de acordo com o Censo 2022 do IBGE.
“É fundamental destacar, nesse panorama revelado pelos números, que 60% a 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados com um diagnóstico precoce, desde a primeira infância e em todas as fases da vida. Tudo isso só reforça o quanto o Abril Marrom é essencial”, defende Claudio Lottenberg.
Abril Marrom: o que pode causar perda da visão?
Entre as causas mais comuns da perda de visão elencadas pelo especialista estão a catarata, glaucoma, erros refratários não tratados (miopia, hipermetropia, presbiopia e astigmatismo), retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
O oftalmologista também alerta sobre os perigos para quem precisa usar óculos de grau, mas não utiliza. “Menos da metade (43%) das pessoas que necessitam deles fazem uso desses recursos, o que aumenta os riscos para piora da visão”, adverte o médico.
Uso excessivo de telas influencia no aumento da miopia
O aumento significativo do tempo diante das telas é um fenômeno da vida moderna que impacta a saúde ocular, especialmente de crianças e jovens. “A Academia Americana de Oftalmologia, este cenário contribui para que, até 2050, metade da população mundial desenvolva miopia”, alerta Claudio Lottenberg.
No Brasil, o cenário não é diferente. Um exemplo é que a miopia avançou na faixa etária de zero a 19 anos durante a pandemia da Covid-19, quando as pessoas ficaram mais expostas a celulares, tablets, notebooks, desktops e televisores.
Vale lembrar que a miopia, mesmo em graus mais elevados, não é considerada deficiência visual, do ponto de vista da medicina, pela possibilidade de correção ou reversão.
“Mesmo assim, é necessário falar desse tema no Abril Marrom. Precisamos ressaltar que a doença pode ser prevenida. No caso do indivíduo que já convive com o problema, a progressão pode e deve ser evitada, de forma a impedir que o paciente tenha limitações relacionadas à saúde ocular”, conclui Claudio Lottenberg.
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