Estudo do CBO aponta envelhecimento e pobreza como principais riscos para cegueira

estátuas cegos - Foto: Pixabay
No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de pessoas são cegas, FOTO: Pixabay

Pessoas de faixas etárias mais elevadas e com menor poder aquisitivo estão mais suscetíveis a cegueira ou baixa visão. Essa é a conclusão do relatório divulgado nesta quinta-feira (15) pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

O documento, intitulado As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2023, faz uma radiografia do segmento no país. A base são estimativas mundiais da prevalência de doenças oftalmológicas, somadas a dados demográficos e socioeconômicos do Brasil.

As principais causas de cegueira ou baixa visão, segundo o estudo, incluem catarata, erros refrativos não corrigidos, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2,2 bilhões de pessoas têm algum tipo de deficiência visual. Entre elas, pelo menos 1 bilhão têm deficiência visual moderada ou grave, ou cegueira que, para o CBO, poderia ter sido evitada, ou ainda não foi tratada.

A catarata e os erros de refração não corrigidos são as duas principais causas de deficiência visual reversível.  Eles representam 75% de todos os tipos de deficiência visual, sobretudo entre grupos etários mais altos.

“Entre os fatores de risco para esses quadros, destaca-se o envelhecimento da população, além de mudanças no estilo de vida e a urbanização. Também influencia esse cenário a falta de acesso a um atendimento oftalmológico de qualidade”, ressaltou o Conselho, em nota.

Cegueira no Brasil é maior entre a baixa renda

Assim como a idade, ressalta o CBO, a pobreza também conduz à perpetuação de problemas de saúde, incluindo a ocular. Estima-se que o país tenha 1,5 milhão de pessoas cegas, sendo 948,1 mil em grupos economicamente vulneráveis; 857 mil na classe média; e 174 mil entre os com maior poder aquisitivo.

“Além de ser mais recorrente em pessoas de menor renda, a deficiência visual também causa maior impacto nessa parcela da população. Com a chegada do problema ocular, vêm as consequências de produtividade e as dificuldades de acesso às fases de reabilitação e de educação dos cegos.”

Os efeitos econômicos da deficiência visual podem são diretos e indiretos, segundo o relatório do CBO. Os diretos são com tratamento das doenças oculares, serviços médicos, produtos farmacêuticos, pesquisa e administração.  Já os custos indiretos envolvem a perda de ganhos e os gastos com recursos visuais, equipamentos, reformas em moradias, reabilitação e perda de receita fiscal. A percepção de dor, sofrimento e morte prematura resultantes do problema visual também estão inclusos entre os indiretos.

“Para se ter uma ideia da dimensão dos números, em 2012, os custos globais diretos com a cegueira foram estimados em U$ 25 bilhões, o que pode ser, no mínimo, multiplicado por dois, quando levamos em conta os custos indiretos”, avaliou a entidade.

Informação para prevenção

Dentre as estratégias apontadas pelo relatório para reverter esse quadro está o conhecimento real sobre a incidência e prevalência de dados da saúde ocular. O conhecimento é classificado como “fundamental” para definição e planejamento de políticas públicas específicas.

Outro ponto considerado importante é saber o número de médicos oftalmologistas disponíveis para coordenar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas oculares. “A partir dessa informação, a gestão pode desenvolver planos de ação com a disponibilidade de força de trabalho especializada. Assim será possível identificar possíveis lacunas no atendimento e permitir ajustes nos planos de recursos humanos”.

O relatório aponta ainda a necessidade de ampliar o acesso a serviços oftalmológicos e monitorar o volume de procedimentos realizados. Segundo os especialistas, ao estabelecer metas e acompanhar indicadores, é possível traçar estratégias mais precisas para combater a deficiência visual. Dessa forma, pode-se garantir o acesso igualitário a serviços oftalmológicos de qualidade em todo o mundo.

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