Tomossíntese: exame pode aumentar em 30% a detecção precoce do câncer de mama

A tomossíntese pode detectar tumores menores, em fase inicial, e é indicada especialmente em casos de mamas densas. FOTO: Divulgação

 

 

Da Redação

A mamografia ainda é a ferramenta mais comum e indicada no rastreamento do câncer de mama, doença que deve atingir cerca de 73 mil mulheres até o final de 2023, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estima-se que cerca de 30% a 50% dos tumores não são identificados na mamografia convencional, o que pode atrasar o diagnóstico, oferecendo maiores riscos.

Uma opção para a detecção é a tomossíntese mamária, realizada no próprio mamógrafo, porém oferecendo imagens mais completas e detalhadas. A técnica foi desenvolvida para proporcionar melhores resultados, aumentando as chances de detecção de 25% a 30% quando comparada, de acordo com estudos recentes, à mamografia. A tomossíntese é ainda mais eficaz em casos de pacientes com mamas densas, que são mais fibrosas, suscetíveis a lesões, e que podem dificultar a identificação do câncer.

Pesquisa publicada em junho deste ano no Journal of the American Medical Association (Jama) defende que, nestes casos, a tomossíntese oferece vantagens sobre a mamografia, reduzindo a chance de um diagnóstico tardio. Enquanto a mamografia projeta o tecido em uma única imagem, a tomossíntese utiliza o movimento para obter imagens mais detalhadas em camadas e por diversos ângulos, função semelhante ao funcionamento de um tomógrafo. 

Exame dois em um

Para o Dr. Luciano Fernandes Chala, médico radiologista e coordenador da Comissão Técnica de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a densidade mamária é o principal preditor de eficácia da mamografia. “Quanto mais densa a mama, menor a sensibilidade para detecção de tumores e a especificidade para separação de lesões benignas e malignas”, afirma.

Segundo o médico, a tomossíntese mamária é uma técnica baseada na mamografia, que reduz os efeitos da chamada  sobreposição tecidual. “O exame exibe a mama em cortes e separando as camadas de tecido sobrepostas. A partir do momento em que a tomossíntese é oferecida, ela pode substituir a mamografia, justamente por já incorporá-la, como um exame ‘dois em um'”, completa o especialista.

O Dr. Chala explica que a tomossíntese é mais eficiente na detecção de tumores invasivos pequenos e em estágio inicial quando comparada à mamografia convencional isoladamente. “A técnica também reduz os resultados falsos positivos, que sinalizam alterações indeterminadas. O processo de investigação resulta em uma reconvocação ao exame que, além de causar ansiedade às pacientes, também implica em gastos financeiros desnecessários ao sistema de saúde. A tomossíntese permite uma avaliação mais completa de uma série de lesões, confirmando detalhes mais precisos e evitando também biópsias desnecessárias”, complementa o radiologista.

No Brasil, o câncer de mama é a principal causa de morte entre mulheres, principalmente acima dos 40 anos. Embora não seja possível evitar o problema, a detecção precoce do câncer de mama aumenta a possibilidade de realizar o tratamento em estágio inicial, permitindo uma chance de cura às pacientes. A conscientização por meio de campanhas que incentivam o autoexame e a realização de exames periódicos são de extrema importância.

 

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