Casos de HIV/AIDS em idosos quadruplicaram entre 2011 e 2021

FOTO Pasja 1000 - Pixabay

 

Da Agência Brasil

No Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado em primeiro de dezembro, a mobilização no Brasil começa com a campanha Dezembro Vermelho.  O mês, escolhido desde 2017, chama a atenção sobre as medidas de prevenção, assistência e proteção dos direitos das pessoas com o vírus HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. 

Dados do Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, o número de idosos que testaram positivo para o vírus quadruplicou. O geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Marco Túlio Cintra, explica que são diversos os fatores ligados ao aumento, entre eles a falta de campanhas direcionadas a esse público. Segundo ele, os números podem ser ainda maiores, já que é grande a subnotificação por falta de testagem.

“no imaginário, a vida sexual do idoso se enterrou”

Em entrevista ao programa Tarde Nacional da Amazônia, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Cintra fala que diante de sintomas como o emagrecimento acentuado, os médicos investigam câncer, sem desconfiarem de HIV.  Para o especialista, é fundamental que os profissionais da saúde solicitem a testagem aos pacientes idosos, já que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.

Marco Tulio Cintra, Presidente da SBGG – Foto: reprodução da web

Agência Brasil – O número de idosos com HIV quadruplicou nos últimos dez anos. Estamos falando de que números?

Marco Túlio Cintra – O número é maior. Há um aumento progressivo que o número de testagens não justifica. E aí vai para uma terceira questão que as pessoas se surpreendem pelo número de casos porque no imaginário das pessoas a vida sexual do idoso se enterrou. É um aumento progressivo em uma faixa etária preocupante.

Agência Brasil – Tem a ver com fatores comportamentais também?

Cintra – No idoso, geralmente, há múltiplas causas. Os nossos profissionais não pensam na possibilidade do vírus HIV para os idosos. Então é descoberto com doença já manifesta com sintomas de Aids numa fase mais avançada. Outra questão importante que não é comentada: não se direcionam campanhas de prevenção para a pessoa idosa. Então a informação não está chegando.

Agência Brasil – O HIV é mais preocupante para a pessoa idosa?

Cintra – Quando se fala em pessoa idosa, não todos obviamente, mas há um perfil de mais doenças. Há uma alteração no sistema imune. Muitos tomam muitos medicamentos. É uma questão que quando entra o vírus HIV complica. Pode haver interações medicamentosas, de um medicamento atrapalhar o outro, tem maior dificuldade com o tratamento porque essas pessoas têm mais problemas de saúde.

Agência Brasil – Há resistência, principalmente com relação ao público masculino, com relação ao uso do preservativo nessa faixa etária?

Cintra – Entre os idosos, a preocupação do uso é menor. Muitos idosos não imaginam que estão se expondo. Muitas vezes as campanhas são voltadas para grupos e não por comportamento de risco. O comportamento de risco pode estar em qualquer faixa etária, inclusive nos idosos que são sexualmente ativos.

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