Vacina contra poliomielite será atualizada a partir de 2024 com versão injetável

Mudança na vacinação da pólio faz parte da meta do Brasil voltar a ter 90% de cobertura vacinal - FOTO: Ricardo Botelho - Ministério da Saúde

A partir de 2024, o Ministério da Saúde vai substituir gradualmente a Vacina Oral Poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP), forma injetável do imunizante. A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Foram consideradas as novas evidências científicas para proteção contra a doença.

A atualização, segundo o Ministério, não é o fim imediato do imunizante na versão conhecida como “gotinha” e sim um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal que será feito após um período de transição. O Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, também vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis, nas ações de imunização e campanhas federais.

A nova recomendação foi apresentada, nesta sexta-feira (7), durante live da ministra da Saúde, Nísia Trindade, com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Na reunião com representantes da SBP de todas as regiões do Brasil, o Ministério da Saúde expôs ações pela retomada das altas coberturas vacinais, principalmente entre crianças. O debate da importância da adesão dos profissionais de saúde e médicos ao Movimento Nacional pela Vacinação também foi destacado.

Em sua fala de abertura, a ministra ressaltou como fundamental a parceria do Ministério da Saúde com as sociedades científicas. “Não foi assim nos últimos anos, mas queremos retomar a ciência e estamos trabalhando nesse sentido. A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do Governo Federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, afirmou.

O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, e o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) do Ministério da Saúde, Eder Gatti,  também participaram da conversa. Eder sustentou que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi o maior responsável pela mudança do perfil epidemiológico das doenças no Brasil, especialmente  em pediatria.

“Ainda assim, a gente vive um cenário preocupante nas coberturas vacinais, com risco de reintrodução de doenças. Antes o PNI era parte de uma coordenação, agora é um departamento completo, o que dá mais dinamismo na gestão do programa. Também possibilita ferramentas adequadas para o registro dos estados e municípios. Nossas ações estão voltadas para atacar as causas da queda da cobertura vacinal. Entre elas, a falta de padronização dos sistemas de dados, que agora está sendo feita, para uma oferta de relatórios com qualidade e precisão de informações”, explicou Gatti.

Ele também explicou algumas ações da pasta. “Vamos oferecer aos municípios um planejamento diferenciado, onde a imunização sai da unidade de saúde e vai até a pessoa que precisa ser vacinada. Também haverá transferência de recursos para estados e municípios, um recurso excepcional para ações de vacinação, coisa que o Ministério da Saúde não faz há anos. A ideia é concentrar esforços onde há maior número de não vacinados. Ali é onde precisamos ser mais intensos em ações”, acrescentou.

Para Clóvis Constantino, as vacinas contra a Covid-19 também fazem parte dessa estratégia. “Na SBP temos um norte que coloca ritmo às nossas ações: crianças e adolescentes são prioridade. Somos voltados ao ensino e à pesquisa. Educação e saúde precisam caminhar juntas. Educação é saúde”, defendeu.

Em relação aos imunizantes contra a pólio, a CTAI recomendou ao Brasil que passe a adotar exclusivamente a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) no reforço aos 15 meses de idade, no lugar da atual forma oral. A VIP (forma injetável) já é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, após um período de transição que começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina, irão tomar apenas um reforço com a VIP aos 15 meses.

A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema.

Saúde inova com estratégia regional de vacinação 

Para combater o risco de reintrodução de doenças que já foram eliminadas pela vacinação, como a poliomielite, o Ministério da Saúde inova com a adoção do microplanejamento para retomada das altas coberturas vacinais.

O trabalho será com estados e municípios para melhorar o planejamento das ações de vacinação. Equipes da pasta vão aos estados participar das ações deste método, como a análise da situação dos dados locais. Serão  analisadas características geográficas, socioeconômicas e demográficas e a definição de estratégias de vacinação (intra e extramuro). O seguimento e monitoramento das ações e avaliação de todo o processo da vacinação para alcance das metas também será analisado.

A ideia é que o município se organize e se planeje considerando a sua realidade local. Neste sentido, a estratégia de imunização será adaptada conforme a população, a estrutura de saúde, a realidade socioeconômica e geográfica. Entre as estratégias que podem ser adotadas pelos municípios, estão a vacinação nas escolas, a busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação extramuros e a checagem da caderneta de vacinação

Com base nessa estratégia, a pasta incluiu a intensificação da vacinação em áreas indígenas e antecipou a multivacinação em estados de fronteira, como Acre e Amazonas. O próximo estado será o Amapá, a partir do dia 15 de julho. Como parte do microplanejamento, o Ministério da Saúde vai repassar mais de R$ 151 milhões para estados e municípios investirem nas ações de vacinação. A portaria com a destinação dos recursos será publicada nas próximas semanas.

Brasil sem pólio 

As coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas nos últimos anos. Em todo o Brasil, a cobertura ficou em 77,19% no ano passado, longe da meta de 95% para esta vacina. Por isso, a mobilização para retomar as altas coberturas vacinais do país, que já foi referência internacional, é fundamental.

Movimento Nacional pela Vacinação 

Com a mensagem “Vacina é vida. Vacina é para todos”, a mobilização nacional lançada em fevereiro pelo Ministério da Saúde tem o objetivo de sensibilizar e engajar toda a sociedade para a retomada das altas coberturas vacinais no Brasil.

A meta do Governo Federal é retomar a confiança da população nos imunizantes e atingir a meta de 90% de cobertura em todas as vacinas. Com isso o país voltará a ser referência internacional em vacinação. Todas as doses previstas no Calendário Nacional de Vacinação, além do reforço bivalente contra a Covid-19 e a vacina contra Influenza estão disponíveis nas unidades de saúde em todo Brasil. 

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