
Por Diego Iida*
Recente alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendendo a comercialização de um lote falso de toxina botulínica, conhecida popularmente como Botox, jogou luz sobre os cuidados que envolvem um procedimento estético tornado corriqueiro. De acordo com levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), a toxina botulínica foi empregada em 9,2 milhões de intervenções no mundo, em 2022. No Brasil, foram mais de 433 mil aplicações, ou 44,6% dos tratamentos estéticos não envolvendo cirurgia.

O fato de ser tratamento minimamente invasivo, dispensar internações e de poder ser ministrado por um gama de profissionais, de médicos a farmacêuticos — todos devidamente treinados, diga-se, explica parte da popularidade da toxina botulínica. O outro quinhão do sucesso se deve à sua comprovada eficácia para evitar e atenuar rugas e marcas de expressão faciais. O efeito pode ser observado de três a seis dias após a aplicação e seu efeito total se estabelece em até 14 dias.
Outro emprego estético se dá no tratamento no chamado sorriso gengival, a exibição excessiva das gengivas ao sorrir. E as aplicações também são indicadas em casos de bruxismo, cefaleia e hiperidrose, este um distúrbio somático caracterizado pelo suor excessivo.
A toxina botulínica é uma substância produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Ela age nas terminações nervosas, inibindo a liberação da acetilcolina, neurotransmissor responsável por enviar informações que fazem o músculo contrair. A toxina é aplicada por meio de injeção, promovendo o relaxamento muscular na região de aplicação, suavizando as rugas existentes e evitando a formação de novos sinais. O efeito é temporário, variando de pessoa para pessoa e da área de aplicação. Em geral, costuma durar de três a seis meses. Findo o prazo, a musculatura volta ao seu estado normal e pode ser necessária uma nova aplicação a fim de se manter os resultados obtidos.
Em geral, a aplicação de toxina botulínica é bastante segura. Os efeitos colaterais são leves e transitórios, como dor, inchaço e pequenos hematomas no local. Mas há risco de efeitos indesejáveis. Um deles, por exemplo, é a ptose frontal ou ptose palpebral, quando o olho fecha. Podem ocorrer também casos de assimetria. O lábio superior pode cair ou mesmo a boca ficar torta. Quando aplicada nas mãos para o tratamento de hiperidrose pode ocorrer perda de força.
A boa notícia é que existem diversas maneiras de corrigir as ocorrências indesejáveis. Uma delas é com aplicação da própria toxina butolínica. Outros métodos de reversão, dependendo do caso, incluem o uso de ultrassom microfocado, estímulos elétricos ou de rádio frequência, vibração, drenagem linfática e mesmo exercícios locais de musculação.
Para fugir das complicações é fundamental recorrer a profissionais formados e devidamente treinados. O bom profissional faz uma avaliação individualizada do paciente, analisa o seu histórico médico e discute necessidades e expectativas em relação ao procedimento. Também é de extrema importância que as aplicações aconteçam em locais de assepsia rigorosa, clinicamente seguros, equipados para lidar com intercorrências e devidamente autorizados pela vigilância sanitária.
Existem diversas marcas de toxina botulínica no mercado. O Botox, a que ficou mais conhecida, é uma delas. Ao fazer o procedimento, o paciente tem o direito de ser informado sobre a marca, o lote e a validade. Exija o seu direito.
Diego Iida, é médico dermatologista, formado pela UNICID, pós-graduado em Medicina Estética, Dermatologia e Tricologia. Atua há mais de dez anos como professor e preceptor da BWS Pós-médica, onde também coordena a pós-graduação em Tricologia Médica.
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