Da Redação
Em um cenário em que a maternidade é encarada com diferentes perspectivas ao longo do tempo, o congelamento de óvulos, até os 35 anos, permite que as mulheres decidam a hora de engravidar, sem se preocupar com o relógio biológico. A recente decisão de Juliette Freire, vencedora do BBB21, de iniciar o processo de congelamento de óvulos, não apenas evidencia a tendência, mas também a liberdade que o procedimento proporciona.
Especialista em reprodução humana, o embriologista Paulo Matheus esclarece o método, ressaltando seu impacto positivo e transformador. “O congelamento de óvulos oferece liberdade para a mulher engravidar depois dos 38 anos. Muitas mulheres estão focadas em desenvolver suas carreiras, viajar e encontrar um parceiro. O ideal é que até os 35 ou 36 anos ela congele seus óvulos, pois esta é a melhor fase reprodutiva da mulher. É uma clara demonstração de como a técnica pode viabilizar o sonhos de ser mãe em qualquer fase da vida”, destaca o médico, diretor da Donare Centro de Reprodução Humana.
Método surgiu nos anos 80
A técnica de congelamento de óvulos, adotada pela paraibana Juliette e utilizada desde os anos 80, foi inicialmente concebida para preservar a fertilidade durante tratamentos contra o câncer. O processo abrange a indução da ovulação por meio de hormônios, seguida pela coleta e congelamento dos óvulos.
Ao detalhar o procedimento, o embriologista enfatiza a sua simplicidade e conforto para as pacientes. “O processo todo leva de 10 a 14 dias e o procedimento é tranquilo, realizado por ultrassom vaginal, com uma sedação leve. No dia da coleta dos óvulos, a paciente permanece na clínica por cerca de 120 minutos e já pode ir para casa”, explica.
Idade da paciente é determinante para a futura gravidez
Em relação às chances de sucesso, Paulo Matheus destaca que variam significativamente de acordo com a idade da paciente e a quantidade de óvulos que sobrevive ao descongelamento. “Contudo, é fundamental compreender que a idade no momento do congelamento tem um papel crucial na determinação da viabilidade e eficácia do processo”, pontua.
“A partir dos 38 anos, a fertilidade da mulher começa a diminuir. Então, exceto nos casos oncológicos, o congelamento é recomendado para preservar a fertilidade e sua liberdade. Acima dos 38 anos, numa gestação natural, a chance da criança nascer com uma síndrome cromossômica como a Síndrome de Down, entre outras, aumenta significativamente. Depois dos 40 anos, a chance aumenta ainda mais. Isso porque os óvulos envelhecem junto com a mulher, e com a idade cronológica, o ovário também envelhece”, ressalta Paulo Matheus.
Segundo ele, se a paciente mudar de ideia no futuro, poderá solicitar o descarte dos óvulos ou considerar a doação, prática regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 2021.
O embriologista enfatiza que a técnica, aliada à orientação profissional, capacita as mulheres a tomar decisões informadas sobre sua jornada reprodutiva. “O congelamento de óvulos não é apenas uma opção médica, mas um passo que transcende o tempo, proporcionando autonomia e a liberdade de decidir quando é o momento certo para dar vida aos seus sonhos de maternidade”, conclui.
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