
Da Redação
O Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) é um dos centros de pesquisa da América Latina que participa do estudo clínico internacional Trofuse-011MK-2870-011. Trata-se de uma pesquisa de fase avançada que investiga a eficácia de um novo tratamento para mulheres com câncer de mama triplo-negativo em estágio 4. Este subtipo é considerado um dos mais agressivos da doença, com crescimento acelerado e incidência predominante em mulheres mais jovens.
O estudo pretende avaliar a eficácia de uma modalidade inovadora de imunoterapia, chamada ADC (conjugado anticorpo-droga). A proposta é oferecer acesso a uma alternativa terapêutica mais moderna e promissora, com o potencial de regredir tumores metastáticos para estágios mais controláveis. A pesquisa prevê o recrutamento de cerca de duas mil mulheres em todo o mundo, incluindo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
No país, cinco centros de pesquisa foram selecionados para integrar o estudo em Salvador, Recife, Natal e Fortaleza. No Recife a pesquisa será conduzida no Centro de Pesquisa Clínica do HCP, sob coordenação do oncologista clínico Marcelo Salgado, investigador responsável pela iniciativa no Estado.
Segundo o especialista, a inclusão do HCP no estudo mostra que a instituição está fortalecendo a ciência e contribuindo com a ampliação de oportunidades para que pacientes pernambucanas recebam tratamentos de ponta, exclusivamente pelo SUS. “Este estudo é particularmente significativo, pois foca em pacientes com câncer de mama triplo negativo metastático que expressam baixos níveis de PD-L1, grupo que hoje possui opções terapêuticas limitadas no SUS . Os resultados do TroFuse-011 podem influenciar futuras diretrizes de tratamento para essa população específica”, explica o médico.
A participação do HCP se deu a partir de critérios técnicos rigorosos, que avaliaram a infraestrutura, a qualificação da equipe e a capacidade de condução de protocolos internacionais. “Eles viram que nosso centro está apto a receber estudos desse porte. Representamos Pernambuco nesse cenário de avanço científico”, completa Dr. Marcelo.
Além do Brasil, também participam do estudo instituições da Argentina, Chile e Colômbia. A presença da América Latina em pesquisas oncológicas desse tipo é relativamente recente. Até a década de 1990, a maioria dos testes clínicos era restrita a países da Europa, Canadá e Estados Unidos. A ampliação geográfica visa agregar uma maior diversidade genética, ambiental e social nos estudos, aumentando a representatividade dos resultados.
Mais investimentos na Ciência
Com um investimento de R$ 13,2 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o HCP vai ampliar sua atuação na pesquisa oncológica com o fortalecimento de um Centro Integrado de Pesquisa Clínica e Translacional. A iniciativa prevê a expansão do centro de pesquisa já existente e a construção de um novo laboratório. A proposta é acelerar o desenvolvimento de novas terapias e aproximar o HCP de centros de referência em pesquisa no país.
Em novembro, o HCP comemora oitenta anos de atuação como a principal referência no tratamento oncológico em Pernambuco. Trata-se da única instituição do Estado com atendimento 100% SUS e exclusivamente oncológico, um modelo adotado por apenas outros três hospitais no Brasil.
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