No Brasil, 240 mil pessoas morrem de sepse por ano. Nordeste ocupa 2º lugar em casos fatais

FOTO: Matheus Barreto

Da Redação

A sepse mata 11 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 240 mil vítimas fatais por ano só nas UTIs. Estima-se que a região Nordeste ocupe o 2º lugar em número de mortes no país, de acordo com dados das Revista Pública de Saúde (RPS). Não bastassem as estatísticas preocupantes, um estudo realizado pela plataforma educacional Território Saber aponta que profissionais que atuam na área relatam dificuldades na atuação contra a grave doença.

As principais são a falta de agilidade no diagnóstico, de capacitação adequada e até de medicamentos.

Braço educacional do grupo Primum, a Território Saber acaba de divulgar os resultados dessa pesquisa realizada neste ano com 307 médicos em todo o país: 50% responderam ter conhecimento apenas “intermediário” sobre o manejo da infecção generalizada.

Dos participantes, 65% afirmaram prescreverem o início da terapia com antibióticos em menos de uma hora, mas se deparam com a indisponibilidade de medicamentos necessários na unidade de saúde.

Outra dificuldade levantada no estudo é a falta de capacitação para atuação direta contra o quadro grave: aproximadamente 1/3 dos respondentes disse que o treinamento recebido sobre sepse é insuficiente. O tempo excessivo para confirmação do diagnóstico também pode ser prejudicial.

Sepse: especialista defende difusão de conhecimento
Ludhmila Hajjar, Professora Titular de Emergências Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), diretora de Cardiologia no Hospital Vila Nova Star, na capital paulista, e especialista no assunto, explica sobre a importância do tratamento adequado na chamada “hora de ouro”, primeira hora do diagnóstico.

Ela explica, ainda, que existe a necessidade da difusão do conhecimento sobre os protocolos de tratamento de sepse em toda a cadeia de profissionais da área de saúde.

“Não adianta que apenas os médicos tenham informações sobre como identificar e tratar a sepse, precisamos repassar isso a todos os segmentos que integram o setor, especialmente aos que atendem diretamente aos pacientes”, reforça ela que está à frente do curso “Sepse Zero: diagnóstico ágil e tratamento eficaz”, realizado pela Território Saber, voltado para médicos e profissionais de saúde.
Rapidez é determinante no tratamento da sepse

Leandro Taniguchi, médico diarista da UTI Clínica do Hospital das Clínicas (São Paulo), complementa: “O tratamento deve ser iniciado sempre com o uso de antibióticos juntamente com ressuscitação hemodinâmica e, posteriormente, personalizado de acordo com a evolução de cada paciente. Portanto, a difusão do conhecimento para o tratamento correto é fundamental”, enfatiza.

Os profissionais explicam que o percentual de óbitos decorrentes de sepse na rede pública (40,6%) chama a atenção por ser o dobro do registrado nas unidades privadas (19,2%).

“Essa taxa de letalidade nos hospitais públicos está muito mais relacionada à demora no atendimento que à falta de medicamentos ou equipamentos, o que só comprova a importância da difusão de conhecimento técnico e dos protocolos específicos para a sepse, incluindo a urgência do atendimento”, complementa Ludhmila.

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