Etiene Ramos
O mercado de Saúde, Beleza e Bem-Estar ressurgiu com um crescimento acelerado no pós-pandemia da covid-19. Um dos termômetros desse movimento em todo o Brasil, a pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF) aponta um aumento de 15,9% no faturamento das empresas do setor entre o segundo trimestre de 2023 e o segundo trimestre de 2022. A quantidade de unidades franqueadas também cresceu, passando de 11.516 para 13.353 no mesmo período, em todo o Brasil.
São números que se multiplicam e elevam o valor do vasto mercado fitness nacional que ficou com uma ‘sequela positiva’ da pandemia: mais cuidado com a saúde – física e emocional, e a adoção de novos hábitos em favor da qualidade de vida. “As academias voltaram com mais força da pandemia. Houve uma mudança significativa no interesse das pessoas por mais exercícios. Isso constatamos tanto em tempo médio de exercícios quanto no volume em nossas academias”, afirma Leonardo Pereira, co-fundador e sócio da rede de Academias Selfit e vice-presidente da Associação das Academias do Brasil (Acad).
Em dez anos, o empresário transformou a primeira Selfit, em Salvador, numa das maiores redes do país, com unidades próprias e franqueadas. Em 2021, a empresa fez seu protocolo para o IPO na B3, com valuation acima de R$1 bilhão e a possibilidade de captar R$ 850 milhões para novas aquisições e investimentos.
Enquanto aguarda a janela para o IPO, a Selfit vem adquirindo academias de outras marcas e adentrando o interior. Em Pernambuco, onde fica a sede da empresa, já abriu unidades próprias nas cidades de Petrolina, no Sertão; Garanhuns, no Agreste; Olinda e Paulista, na Região Metropolitana do Recife; e continua a expansão com franquias na capital pernambucana. A meta para 2023 é inaugurar 30 unidades, das quais 15 já estão em funcionamento.
Negócios no Brasil atraem capital externo
Nas últimas semanas, o noticiário econômico mostrou que o segmento continua em alta. O aplicativo Gympass, criado em 2012 e um dos primeiros unicórnios brasileiros, levantou US$ 85 milhões na sua sexta rodada de investimento, elevando o valuation da empresa para US$ 2,4 bilhões. O APP oferece acesso a academias no mundo todo e conta com mais de 15 mil clientes corporativos, um aumento de 80% em um ano. O percentual revela uma expressiva adesão das suas clientes, empresas que querem reter seus funcionários com benefícios baseados no estilo wellness – um conjunto de práticas que trazem bem-estar, qualidade de vida e mais saúde.
Já a Bluefit, segunda maior rede de academias do país, com 133 unidades, recebeu um aporte de R$ 464,1 milhões do grupo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Pelo contrato, a MC Brazil Fitness Holding – que pertence ao grupo, ficará com 51% do capital social e votante. A maior parte do valor, R$ 350 milhões, será para emissão de novas ações pela MC, enquanto R$ 114,1 milhões vão para o pagamento das ações aos sócios da Bluefit.
Em primeiro lugar no ranking de academias do Brasil e em quarto no mundo, com forte liderança em 14 países da América Latina, a rede SmartFit mantém 1.224 academias em operação. Em meados de agosto, suas ações foram cobertas pela XP com preço-alvo de R$28,00 e, dias depois, o Santander aumentou o valor para R$30,00, considerando os bons resultados da rede no segundo trimestre deste ano. A partir deles, o banco estima que a SmartFit fecha 2023 com lucro líquido de R$ 464 milhões.
Oceano azul para Saúde, Beleza e Bem-Estar
Os três segmentos resumem um universo de atividades profissionais que se expande em todas as direções. Nutricionista, educador físico e personal trainner, Henrique Medeiros inicia o dia na Selfit de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O prédio, onde funcionava a R2, uma academia com preços cerca de três vezes mais caros, começa a ferver às 5h00 e só alivia um pouco a partir das 8h00.
Na hora do almoço e entre as 19h00 e 22h00, os alunos voltam a lotar o espaço, em busca, segundo Medeiros, não só de saúde. “Todo mundo tem vontade de ficar bem na foto das redes sociais e, depois da pandemia, a procura cresceu muito. Muita gente resolveu se cuidar, admitindo que precisava baixar o peso para não morrer. Outro aspecto é cuidar da saúde emocional, que ficou muito abalada na pandemia, aumentando também a procura por psicólogos e psiquiatras”, observa o multiprofissional, que se desdobra entre a academia e o consultório, onde só vai às sextas-feiras.
Na agenda sempre cheia, clientes que querem acompanhamento nutricional e nos treinos e não se negam a pagar R$ 500,00 pela primeira consulta. “Nem todos podem arcar com o custo total do acompanhamento, então crio pacotes de acordo com o bolso do cliente. Incluo aulas online e outras formas dele conseguir ficar mais saudável e atingir o padrão de beleza que projeta”, explica Medeiros.
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