Pernambuco investiga possível relação entre febre do Oropouche e perda gestacional

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Imagem: Internet/MaisPB

Da Redação

A Secretaria Estadual de Saúde, em conjunto com especialistas, realiza investigação sobre óbito fetal após confirmação da doença. Ainda não há registro de óbito fetal ou abortamento descrito na literatura científica em decorrência da infecção pelo Oropouche

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), por meio da Diretoria Geral de Vigilância Ambiental, em conjunto com a área de Vigilância em Saúde do município de Rio Formoso, identificou um óbito fetal com resultado positivo para a Febre do Oropouche. A perda gestacional é oriunda de uma mãe sintomática para arbovirose e que também era contato de um dos casos positivos para a doença naquele território.

 

A partir da notificação da secretaria de saúde municipal ao estado, a Vigilância Ambiental conduziu a coleta de materiais biológicos para exames relativos à doença, tanto da mãe quanto do feto. As amostras da mãe que foram analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE) apresentaram resultados positivos para dengue e chikungunya, porém esta não teve o sangue coletado em tempo oportuno para evidenciar a presença do vírus do Oropouche. As amostras relativas ao feto foram encaminhadas ao Instituto Evandro Chagas (IEC/Belém-PA) – referência nacional no estudo de arboviroses.

 

Na última sexta-feira (05/07), o resultado se mostrou positivo para o Oropouche nas amostras do feto. O caso continua em investigação para a realização de outros exames laboratoriais, além do aprofundamento da investigação de campo no município de Rio Formoso. A SES-PE está discutindo o episódio com representantes do Ministério da Saúde, Fiocruz, Instituto Evandro Chagas e o município de Rio Formoso.

 

Tendo em vista que este é o primeiro caso de perda gestacional passível de descrição na literatura científica, sua conclusão requer um conjunto investigativo bem analisado e descrito. Todo o processo de investigação epidemiológica está sendo realizado com especialistas das diversas instituições já citadas, em parceria da Vigilância Ambiental de Pernambuco.

 

OROPOUCHE EM PERNAMBUCO

 

O Estado de Pernambuco acompanha atentamente a situação da Febre do Oropouche em seu território. Até o momento, são 13 casos confirmados laboratorialmente em três Regionais de Saúde. A III Geres, na Mata Sul, conta com casos nos municípios de Rio Formoso (3 ocorrências), Maraial, Jaqueira e Catende, estes últimos com um caso cada. Na I Regional, na Região Metropolitana do Recife, mais 6 casos: dois em Jaboatão dos Guararapes, dois em Moreno, um em Camaragibe e um na Ilha de Itamaracá. A XII Geres, na Mata Norte, apresenta um caso em Timbaúba.

 

Apesar de ter sido identificada a primeira vez no norte do país no ano de 1960 e ter apresentado diversos períodos de epidemia na faixa amazônica, até o momento a literatura científica não apresenta casos de óbito ou perda gestacional pela doença. Causada por um arbovírus, diferente da dengue, zika e chikungunya, seu vetor não é o Aedes aegypti e sim o maruim (culicóide) e a muriçoca (culicídeo).

 

Em termos de enfrentamento vetorial, esse fato apresenta uma dificuldade maior para a saúde pública. Mais afeitos a água com muito material orgânico, tanto o maruim quanto a muriçoca usam de mangues, alagados, várzeas, água acumulada em área com muitas folhas caídas, cultivo de bananeiras, além de área com esgoto a céu aberto, coleta de lixo ineficiente ou terrenos baldios.

 

Em função disso, a SES-PE orienta um cuidado maior no sentido de evitar a exposição a picadas. O uso de roupas que protejam a pele de exposição, sobretudo nos horários de penumbra (ao amanhecer e ao anoitecer), quando os vetores se mostram mais ativos. Além disso, o uso de repelentes adequados e o cuidado com o acúmulo de lixo, também ajudam a evitar o contato com os insetos. Reforçamos ainda que não há enfrentamento vetorial químico possível, uma vez que fumacê e aplicação local de larvicidas e adulticidas não são efetivos.

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