
Da Redação
A escassez dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), principais responsáveis pela ação terapêutica em medicamentos, é mais aguda para os especializados ou menos lucrativos, como antibióticos de última geração e os destinados à doenças raras.
Para contornar esta vulnerabilidade que ameaça inclusive a soberania nacional, a empresa pernambucana Of Joseph PB&T está se associando à indústria farmacêutica internacional e a pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para propor uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP). A iniciativa conta com apoio do programa de incentivo do Ministério da Saúde para o fortalecimento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde, focada na produção de IFAs e medicamentos oncológicos.
A Of Joseph PB&T está em tratativas para a aquisição de uma líder global na produção e vendas de IFAs, a fim de torná-la brasileira. O objetivo é direcionar parte da produção internacional para o Brasil e, paralelamente, construir uma fábrica modelo no país, que poderá suprir o mercado nacional e se tornar um exportador de IFAs.
Recursos globais
Para viabilizar a iniciativa, a Of Joseph PB&T conta com manifestações de apoio financeiro de grandes bancos de investimento em Nova Iorque, entre eles o Cohen & Company Capital Markets. Com o investimento, o Brasil pode emergir como um exportador relevante no mercado global, enquanto supre integralmente suas necessidades internas de insumos.
O projeto foi estruturado no âmbito do Programa Peixe Rosa, criado em 2016 em parceria entre a Of Joseph PB&T e a Outthinker, para o fortalecer o ecossistema biofarmacêutico na América Latin. rede global que reúne diretores de estratégia e executivos de inovação de grandes empresas.
Com a Outthinker, rede global que reúne diretores de estratégia e executivos de inovação de grandes empresas, o Peixe Rosa busca unir competências em pesquisa científica a soluções para os desafios do mercado, com foco no avanço da medicina translacional, que transforma descobertas científicas de laboratórios em tratamentos e soluções práticas para pacientes, e o desenvolvimento de inovações em ciências da vida.

Com um fundo inicial de US$1 bilhão, o programa inicia suas atividades estruturais com um planejamento robusto e a expectativa de um orçamento total de pelo menos US$5 bilhões. “A proposta do Programa Peixe Rosa é estabelecer uma rede integrada que potencialize o acesso à saúde e promova a expansão do mercado de ciências da vida na América Latina”, afirma o Gestor de Inovação do programa, Anderson Vasconcelos.
Sua estrutura inclui uma Contract Research Organization (CRO), um Parque Científico Tecnológico e um Núcleo Avançado de Medicina Translacional, estes dois últimos ainda em fase de desenvolvimento. “A CRO, voltada principalmente para medicina translacional, opera de forma ágil e eficiente, atendendo às demandas de pesquisa e desenvolvimento do setor biofarmacêutico, ao mesmo tempo em que otimiza recursos e promove a colaboração entre o Estado e a iniciativa privada”, explica Vasconcelos.
Parcerias interinstitucionais
Um dos pilares do Peixe Rosa é a formação de parcerias interinstitucionais, com renomadas instituições de pesquisa e diagnóstico clínico no Brasil, como a UFPE, Universidade de Pernambuco (UPE), Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE), e parceiros internacionais como a UNI Pharma, API Corp e IBI Tech.
O programa também conta com a assessoria do co-presidente do escritório americano Loeb & Loeb, Mitchell Nussbaum, classificado pela Thompson Reuters como o advogado de maior destaque quando se trata de Initial Public Offering (IPO) ou Oferta Pública Inicial para abertura de capital na bolsa de valores. “Esse evento permite que a empresa se torne uma companhia de capital aberto, com ações negociadas no mercado financeiro. Acreditamos justamente que o Programa Peixe Rosa possa ser um curador de iniciativas na área de ciência e tecnologia com potencial para IPO”, explica Mitchell Nussbaum.
Além disso, o programa tem o apoio da Cohen Company, a maior instituição financeira do mundo em Special Purpose Acquisition Company (SPAC) – empresa de Aquisição de Propósito Específico. “A SPAC é uma forma alternativa e moderna de uma empresa privada acessar o mercado de capitais e se tornar pública, sem precisar passar pelo longo e complexo processo tradicional de IPO. Ela tem atraído bastante atenção nos últimos anos, especialmente em setores de tecnologia e saúde, por isso temos um interesse especial no Programa Peixe Rosa”, afirrma Dan Nash, diretor executivo sênior da Cohen e Company Capital Markets. Na bagagem, ele traz a experiência de ter levado à bolsa grandes empresas digitais como Facebook, LinkedIn e Airbnb.
O apoio pessoal do Gestor Público Federal do Ministério da Saúde, Wladimir Maia, que atua no Instituto Nacional de Câncer (INCA), mostra o compromisso de implementar soluções estratégicas reais para a atual dependência de IFAs. A questão causa preocupações de segurança nacional para as cadeias de suprimentos domésticas.
Parcerias como essas visam aumentar a capacidade de produção local e reduzir a dependência de importações, promovendo o desenvolvimento tecnológico e a transferência de conhecimento. O conceito de PDP é amplamente aplicado no Brasil, particularmente no contexto de políticas públicas voltadas para o setor de saúde, como vacinas, medicamentos e equipamentos médicos. O modelo foi criado para fortalecer a indústria nacional e garantir que a produção de produtos essenciais seja realizada no país, com investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
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