Da Agência Brasil
Pacientes em macas improvisadas pelos corredores e outros esperando por atendimento médico. Esta é a realidade da maioria das emergências dos hospitais públicos brasileiros. Desde 2017, um projeto leva novas práticas para desafogar os prontos-socorros.
O projeto Lean nas Emergências, liderado pelo Ministério da Saúde em parceria com os hospitais Sírio-Libanês, em São Paulo, e Moinhos de Vento, em Porto Alegre, aponta queda de 28% na superlotação. No tempo de permanência dos pacientes (internados e não internados) em 72 hospitais públicos e filantrópicos, de 26 estados, a redução é passa de 30%.
O termo lean, do inglês, significa produzir com a máxima eficiência e qualidade, sem desperdício. A estratégia de gestão é bastante aplicada em diversos setores econômicos, grandes empresas, como na indústria automotiva, e até mesmo em startups.
O projeto chega com a proposta de mudar a operação e o fluxo das unidades de saúde para melhor atender os pacientes em situação emergencial.
A gerente de Projetos de Compromisso Social do Hospital Sírio-Libanês, Carina Tischler Pires, explica que as crises nos prontos-socorros resultam de três fatores: alto volume de pacientes, falta de leitos para internação pelo tempo elevado de permanência dos pacientes, além de processos de trabalho pouco eficientes e integrados entre as áreas.
O projeto visa atacar essas questões, utilizando recursos e profissionais já disponíveis no hospital. “Acreditamos que as atividades desenvolvidas sejam capazes de promover a autonomia intelectual e assistencial dos profissionais envolvidos. Já vimos resultados na melhora na passagem do paciente pelo serviço de urgência, até sua chegada ao local correto, com recurso correto e no tempo correto”, diz a gerente.
As medidas têm reflexo, ainda, no número de mortes: a redução projetada média é de 3% ao mês na taxa de mortalidade, ou seja, 10.142 vidas impactadas. “Estima-se também que o projeto Lean nas Emergências é capaz de gerar um aumento de 19.672 vagas de internações por mês. Este aumento é atingido com a redução do tempo médio de permanência hospitalar a partir da implantação das ferramentas pela equipe do hospital, sem aumento de custos, construção de novos leitos ou contratação de equipe extra”, ressalta Carina Pires.
Mais agilidade
A Santa Casa de Jahu, referência no SUS para a população de 12 cidades no interior paulista, aderiu ao Lean nas Emergências. Uma das medidas adotadas foi a implantação do fluxista do Pronto-Socorro. É o profissional que encaminha o paciente ao consultório, para fazer exames e controla o tempo de permanência para que o atendimento seja o mais rápido possível e eficiente.
A estratégia Huddle também entrou na rotina dos profissionais do hospital. Trata-se de uma rápida reunião diária da equipe, de até 15 minutos, quando é feito um checklist do que está acontecendo na emergência, quais pacientes continuam internados, previsão de altas hospitalares e tratamentos a serem seguidos, o que contribui para segurança dos pacientes.
“Outra medida exitosa foi a criação da sala de alta, um ambiente humanizado, onde os pacientes elegíveis aguardam seus familiares. Assim temos o leito liberado com celeridade para ser ocupado por outro paciente de forma mais fluida e rápida”, conta a coordenadora de Enfermagem, da Santa Casa, Regiane Laborda.
Desde o ingresso no projeto, a unidade reduziu em 20% o tempo de passagem dos pacientes.
Até agosto de 2023, 216 hospitais públicos e filantrópicos participaram do Lean nas Emergências, sendo 37 em fase de implementação. Mais de 7,7 mil profissionais foram capacitados em visitas presenciais e cursos à distância. O projeto integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
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