Memória Médica de Pernambuco agoniza sem o apoio público.

Da Redação.

Como se dará a preservação da memória da medicina pernambucana? Preocupados com esse desfecho, representantes das entidades médicas de Pernambuco reuniram-se na manhã do último sábado (27) nos jardins do prédio do Memorial da Medicina, no Derby, região central do Recife. O encontro foi para discutir o que fazer com o rico acervo do Memorial, interditado de imediato na sexta-feira passada após parte da estrutura do telhado vir abaixo.

Com isso, as instituições  que funcionam no local – Instituto Pernambucano da História da Medicina (IPHM), Museu da Medicina, Sociedade de Médicos Escritores em Pernambuco (Sobrames-PE) e a Associação de Ex-alunos da Faculdade de Medicina de Pernambuco, ficaram sem funcionar, conforme comunicado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), responsável pelo Memorial.

Todas estas instituições que tinham sede no local estão desalojadas, apesar de terem um calendário de atividades em pleno funcionamento e precisam de ações emergenciais para a recuperação da sede histórica do memorial.

O encontro contou com a participação dos representantes das entidades que ficaram desalojadas e do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe), Associação Médica de Pernambuco (AMPE) e a Academia Pernambucana de Medicina (APM).

De acordo com o presidente da Academia Pernambucana de Medicina (APM), Hildo Azevedo, a situação em que se encontra a estrutura física do memorial caracteriza a falta de interesse pela preservação da história. “Isso representa um desleixo com o prédio que foi construído com recursos dos médicos e em seguida, doado sem nenhum ônus, para Universidade Federal de Pernambuco, fato que lamento bastante, uma vez que guardamos a história médica do Estado. A UFPE, por razões não apenas de recursos, mas por achar que aqui não seria apenas a casa do médico, vem permanentemente abandonando, não só o prédio, mas também as atividades das instituições aqui instaladas, penalizando a preservação da história desta nossa profissão”, pontuou Hildo Azevedo.

O médico Hildo Azevedo destacou também que, logo após o período de pandemia, ao retomar as atividades da academia, as salas em que funcionava a entidade estavam deterioradas por pragas. Mesmo assim, não receberam nenhum apoio da administração predial. “O local onde funciona a Academia Pernambucana de Medicina estava todo deteriorado por ação de pragas, uma vez que boa parte do mobiliário e estrutura são feitos em madeira. A APM, por sua vez, com recursos próprios, oriundos dos próprios membros da entidade, promoveu a restauração das 3 salas que correspondem ao funcionamento na APM, sem contar com a colaboração da UFPE, nem de nenhum outro órgão ou entidade”, concluiu.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano, a mobilização imediata das entidades médicas estaduais demonstra o reconhecimento da importância do local para toda a categoria. “O ato realizado na manhã deste sábado é o primeiro passo em busca da reversão da situação em que nos encontramos. Unidos as demais entidades médicas, em menos de 12h, conseguimos nos mobilizar e seguiremos juntos até a restauração necessária do prédio e a volta de todas as instituições às suas devidas salas aqui no memorial”, destacou Walber.

A Defesa Civil foi acionada e na próxima segunda-feira (29) fará uma vistoria em toda a estrutura para que as instituições possam entrar no prédio e resgatar o acervo e demais arquivos e equipamentos utilizados nas atividades. O prédio que é tombado como Patrimônio Histórico de Pernambuco, foi doado à UFPE na década de 50, e já abrigou a Faculdade de Medicina de Pernambuco. A partir de 1983, há 40 anos, foi destinado ao memorial e nele funcionam instituições que buscam preservar a memória da medicina estadual. Constantemente são realizados no local, cerimônias e palestras destinadas a profissionais e estudantes de medicina, que têm no local a referência histórica da profissão.

 

 

 

 

 

 

 

 

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