Da Agência Brasil
A Campanha Julho Verde-Escuro chama a atenção para o câncer ginecológico, a importância de exames preventivos e do diagnóstico precoce da doença. Apesar da alta incidência no país, esses tumores podem diminuir drasticamente se a população seguir as medidas de prevenção.
Os cânceres ginecológicos afetam um ou mais órgãos do aparelho reprodutor feminino. As ocorrências mais frequentes no Brasil são de tumores no colo do útero, no corpo do útero e no ovário. Lista do Ministério da Saúde revela que esses tumores estão entre os dez mais recorrentes em mulheres no país, destaca o chefe do Departamento de Ginecologia Oncológica do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Gustavo Guitmann.
Em 2020, o câncer no colo do útero foi responsável por 6.627 mortes no Brasil. A estimativa do Ministério da Saúde é que, de 2023 a 2025, cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com o tumor, causado pelo papilomavírus humano (HPV). O vírus é facilmente transmitido na relação sexual porque apenas o contato com a pele infectada já é o suficiente para a contaminação.
“Estima-se que em torno de 70% a 80% da população, em geral, já teve algum contato com o HPV. Existem inúmeros tipos de vírus, mais de 50 tipos de cepas diferentes do vírus e não são todos que vão causar o câncer. Alguns causam só verruga e outros nem vão se manifestar”, explica a ginecologista Charbele Diniz.
Diretrizes da OMS
No futuro, segundo o Inca, no futuro será possível erradicar tumores malignos no colo do útero no Brasil. Para isso, é necessário que a população siga as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As mulheres entre 25 e 35 anos devem fazer os exames preventivos e as pacientes diagnosticadas com alterações devem receber o tratamento correto. Meninas e meninos entre 9 e 14 anos devem se vacinar com a vacina quadrivalente contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para aumentar a imunização, o ideal é que a vacina seja tomada antes da primeira relação sexual. Além dos adolescentes, pessoas imunossuprimidas com até 45 anos também podem se vacinar na rede pública.
Apesar de a vacina estar disponível gratuitamente, muitos pais não levam seus filhos adolescentes para se vacinarem por uma falsa crença de que vão estimular uma iniciação sexual precoce.
“A gente tem a vacina disponível, é uma vacina cara, é uma vacina que está aí, mas que não está sendo utilizada. São vários tabus, de o povo brasileiro achar que você está expondo a questão sexual para a filha adolescente. Mas é mais uma vacina comum como outra qualquer”, explica Gustavo Guitmann.
A psicóloga Andreia Medeiros trabalha com adolescentes e tem uma filha de 15 anos, a estudante Sofia van Chaijk, que tomou a vacina contra o HPV, orientada pela mãe. “É um mito [a ideia] que vai estimular [a iniciação sexual precoce. Não falar sobre o assunto vai prevenir? É o contrário”, diz a psicóloga. “Ter consciência dos benefícios, dessa prevenção e do contrário também, do risco que eles correm, é uma forma de cuidado”, acrescenta.
“Eu agradeço minha mãe também por ter me vacinado contra HPV porque a gente conhece uma pessoa que infelizmente faleceu de câncer no útero por conta de HPV. Então ela nem precisou me convencer muito também. Ela já sabia das consequências”, completa Sofia.
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