Da Redação
Pesquisa do Ambulatório de Glomerulopatias da Área Assistencial de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apontou fatores de risco para desfechos graves de covid-19 em pacientes com histórico de várias doenças glomerulares imunomediadas. Entre os principais, ter idade avançada, ser do sexo masculino, fazer ingestão contínua de corticosteroides e ter níveis mais baixos de albumina sérica.
O resultado integrou o estudo multicêntrico internacional “COVID-19 outcomes in patients with a history of immune-mediated glomerular diseases (Desfechos da covid-19 em pacientes com histórico de doenças glomerulares imunomediadas)”, que teve artigo publicado na revista científica Frontiers in Immunology.
As patologias indicadas afetam os glomérulos, as estruturas de filtração dos rins e podem provocar hematúria (eliminação anormal de hemácias na urina), proteinúria (presença de proteína na urina), lesão renal aguda e doença renal crônica em estágio terminal.
“O estudo traz informações importantes a respeito de uma população pouco estudada. Esses pacientes portadores de glomerulopatias podem apresentar redução de sua defesa imune tanto pela própria doença, como pelo tratamento, frequentemente baseado em medicações imunossupressoras”, explica a médica nefrologista do HC e professora do Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPE, Denise Costa. Ela assina o artigo ao lado de outros 20 pesquisadores de universidades (como a Johns Hopkins e Cambridge) e de hospitais de mais oito países – Áustria, Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Rússia, Suécia e Japão.
A médica ressalta que estudos como esse ajudam a entender melhor o comportamento de doenças novas como a covid-19 nesta população. “A pesquisa também é importante para trazer informações sobre medicações que podem estar relacionadas a uma pior evolução. Assim, é possível estabelecer melhores estratégias no manejo da covid-19 desses pacientes”, afirma.
HC entre centros de referência internacionais
Os pesquisadores criaram um registro global que coletou, retrospectivamente, dados clínicos de 59 pacientes com covid-19 e doenças glomerulares imunomediadas previamente diagnosticadas, a fim de caracterizar fatores de risco específicos para resultados graves de covid-19. A coleta ocorreu entre 1º de março de 2020 e 31 de agosto de 2021. A pesquisadora destaca ainda que, assim como outras doenças raras, pacientes com glomerulopatias devem ser encaminhados a centros de referência para atendimento por profissionais capacitados no manejo da patologia.
“Atualmente, o ambulatório de glomerulopatias do HC conta com mais de 2.200 pacientes cadastrados, sendo um importante centro de referência para assistência, ensino e pesquisa. Assim, a participação do HC em estudos como este, que contou com mais de dez centros de referência na Europa, América do Sul, América do Norte e Ásia, é importante para a troca de experiências e desenvolvimento de parcerias que possam melhorar o atendimento aos pacientes com glomerulopatias”, pontua Denise Costa.
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